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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

PIMENTA


Sabiam que grande parte da produção mundial da pimenta-do-reino, que insiste em aparecer nos cardápios de restaurantes sofisticados como poivre, provém do Brasil?
Apesar dos primeiros registros da pimenta-do-reino no país datarem do século XVII, sua exploração econômica somente começou na primeira metade do século 20, quando imigrantes japoneses que se fixaram no Pará plantaram algumas mudas da pimenteira. Logo o clima quente e úmido da Amazônia se mostrou propício ao cultivo da pimenta. Hoje grande parte da produção mundial se concentra no estado do Pará, levando o Brasil a ser um dos três maiores produtores do mundo.
A pimenta-do-reino é o fruto do pimenteira, uma planta trepadeira originária da Índia. A mais importante e conhecida das especiarias chegou a ser conhecida como o “ouro negro”, tamanha a sua importância séculos atrás. A pimenta era fundamental na conserva de carnes e outros alimentos, e por ter sido usada como moeda cambial em Roma, motivou os exploradores europeus a encontrar uma nova rota comercial entre a Europa e o Oriente.
Para obter a pimenta verde, as espigas são colhidas ao atingir dois terços de sua maturidade. Depois de debulhadas, são colocadas em salmoura antes de serem embaladas. A pimenta-do-reino preta também é colhida ainda verde, mas, ao contrário da primeira, é debulhada e posta ao sol para secar por um período de três a seis dias. Durante esse estágio, os grãos devem ser revolvidos para que a secagem seja feita uniformemente e sua cor escura prevaleça. Já a pimenta-do-reino branca é obtida apenas após a colheita da pimenta já madura, possuindo uma coloração amarela ou avermelhada. As espigas são postas em sacos, maceradas em tanques e depois drenadas e lavadas. São então postas ao sol para secar até alcançar suas características finais.
Mas pimenta traz consigo alguns mitos, como por exemplo o de que provoca gastrite, úlcera, pressão alta e até hemorróidas. Nada disso é verdade. Por incrí­vel que pareça, as pesquisas cientí­ficas mostram justamente o oposto! Muitos dos benefí­cios da pimenta estão sendo investigados neste exato momento, pela comunidade cientí­fica e farmacêutica, originando alguns dos projetos de pesquisa mais picantes deste iní­cio de terceiro milênio.
A pimenta faz bem à saúde e seu consumo é essencial para quem tem enxaqueca. Essa afirmação pode cair como uma surpresa para muitas pessoas que, até hoje, acham que o condimento ardido deve ser evitado. A substância quí­mica que dá à pimenta o seu caráter ardido é exatamente aquela que possui as propriedades benéficas à saúde. No caso da pimenta-do-reino, o nome da substância é piperina. Na pimenta vermelha, é a capsaicina.
A pimenta-do-reino é uma frutinha do tamanho de uma mini-ervilha, que no iní­cio é verde, depois fica vermelha e finalmente preta. A árvore que lhe dá origem recebe o nome cientí­fico de Piper nigrum. A colheita se dá enquanto as frutas estão vermelhas. Em seguida elas amadurecem, secam e se transformam nos grãos de pimenta-do-reino preta que existem à venda. A pimenta-do-reino branca é obtida através da remoção da casca preta da fruta seca. Ambas retém a piperina, porém a pimenta branca, embora tão picante quanto a preta, possui bem menos aroma.
A pimenta vermelha, existente em vários tamanhos, assim como outras pimentas (ex: tabasco, habanero, jalapeño), são frutos de árvores do gênero Capsicum, que possui origem na palavra grega kaptos, que significa morder. Afinal, quando colocamos uma dessas pimentas na boca, até parece que elas mordem, de tão ardidas que são.
As substâncias capsaicina e piperina ardem, mas são estudadas justamente pelas propriedades antidor que possuem! Surpresa! Elas provocam a liberação de endorfinas – verdadeiras morfinas internas, analgésicos naturais extremamente potentes que o nosso cérebro fabrica! O mecanismo é simples: Assim que você ingere um alimento apimentado, a capsaicina ou a piperina ativam receptores sensí­veis na lí­ngua e na boca. Esses receptores transmitem ao cérebro uma mensagem primitiva e genérica, de que a sua boca estaria pegando fogo. Tal informação, gera, imediatamente, uma resposta do cérebro no sentido de salvá-lo desse fogo: você começa a salivar, sua face transpira e seu nariz fica úmido, tudo isso no intuito de refrescá-lo. Além disso, embora a pimenta não tenha provocado nenhum dano fí­sico real, seu cérebro, enganado pela informação que sua boca estava pegando fogo, inicia, de pronto, a fabricação de endorfinas, que permanecem um bom tempo no seu organismo, provocando uma sensação de bem-estar, uma euforia, um tipo de barato, um estado alterado de consciência muito agradável, causado pelo verdadeiro banho de morfina interna do cérebro. E tudo isso sem nenhuma gota de álcool! Quanto mais ardida a pimenta, mais endorfina é produzida! E quanto mais endorfina, menos dor e menos enxaqueca. E tem mais: as substâncias picantes das pimentas (capsaicina e piperina) melhoram a digestão, estimulando as secreções do estômago. Possuem efeito carminativo (antiflatulência). Estimulam a circulação no estômago, favorecendo a cicatrização de feridas (úlceras), desde que, é claro, outras medidas alimentares e de estilo de vida sejam aplicadas conjuntamente.
Existem cada vez mais estudos demonstrando a potente ação antioxidante (antienvelhecimento) da capsaicina e piperina.
Pesquisas têm demonstrado potentes propriedades antiinflamatórias das pimentas. Um artigo publicado em março de 2003, na revista cientí­fica Cell Signalling (volume 15, número 6, páginas 299 a 306), conclui que as substâncias ativas da pimenta são candidatas promissoras para o alí­vio de doenças inflamatórias.
É importante lembrar que a enxaqueca compreende um estado inflamatório, na sua fase de dor.
A renomada British Journal of Anaesthesia publicou, em junho deste ano (2003), o trabalho, realizado no Instituto de Medicina Interna e Terapêutica da Universidade de Florença, mostrando o efeito benéfico de aplicações intranasais repetitivas de capsaicina no tratamento de enxaqueca crônica (volume 90, número 6, página 812).
A pimenta possui até propriedades anticâncer. Um editorial do renomado Jornal do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, publicado em 4 de setembro de 2002 (Volume 94, número 17, páginas 1263 a 1265), mostra que a capsaicina da pimenta vermelha é mais do que um simples tempero: ela faz com que células tumorais cometam suicí­dio!

Por isso, a dica deste mês é: o que você está esperando para apimentar a sua vida?

A pimenta-do-reino preta possui uma fragrância intensa, frutada, com tonalidades amadeiradas e cí­tricas. O paladar é picante e quente, com um retrogosto penetrante.
Já a pimenta branca é menos aromática, podendo apresentar tonalidades de musgo. O paladar é tão picante quanto o da pimenta preta. Tirando o picante, não sobra nenhuma outra caracterí­stica de paladar.
A pimenta não é doce, nem salgada. Porém, quando utilizada em quantidades moderadas e balanceadas, tende a realçar o sabor dos alimentos e de outros temperos. Polvilhe um pouco no peixe ou na carne antes de grelhá-la ou assá-la. Você pode até experimentar comer frutas temperadas com pimenta-do-reino! Experimente combiná-la com outros temperos, como manjericão, cardamomo, canela, cravo, coco, coentro, alho, gengibre, noz-moscada, salsinha, alecrim, tomilho, açafrão… ela combina com quase todos os tipos de comida. Mas lembre-se: utilize-a sempre de maneira muito judiciosa, pois é bem picante!
A pimenta malagueta, a pimenta dedo-de-moça, assim como outras variedades de cores diferentes mas de formato similar, podem variar muito no grau de ardência na boca. Podem ser consumidas frescas ou secas e moí­das. Constituem excelentes fontes de vitaminas A e C, e também combinam com praticamente tudo.
Entretanto algumas receitas, trazem nos ingredientes "pimenta do reino moída na hora". Acredito que nem todo mundo entenda a diferença entre a pimenta já moída e a moída na hora. Uma vez moída a pimenta do reino vai perdendo seu sabor e seu aroma, quanto mais tempo ela fica guardada já moída, maior será a quantidade que você precisará utilizar e conforme já falei sabemos que pimenta do reino em excesso não faz bem nem para o estômago nem para o
intestino. Por isso como dica faça a experiencia e use das duas maneiras e perceba a diferença: a pimenta fica muito mais presente quando moída ali, direto sobre o alimento. Sem falar que os moedores são um charme para levar à mesa para temperar saladas !